27 de set. de 2009

"Joe Strummer once said he cared"

Por Paula Febbe

Após um ano, decidi publicá-la no “DeGaragem”. A seguir está a entrevista que mais gostei de fazer na vida!

MUDHONEY!!!

Feita em São Paulo, durante o mês de outubro de 2008 na loja London Calling da Galeria Presidente no final da tarde, após os autógrafos.

Dan Peters (o baterista do Mudhoney) foi o único que não quis participar da entrevista e esperou fora da loja, fumando e tomando uma cerveja.

Paula Febbe: A maior parte dos seus fãs ainda os considera uma banda grunge. Como vocês lidam com isso 20 anos depois?

Mark Arm: Nós não pensamos nisso, na verdade. As pessoas chamam a gente do que elas quiserem chamar. Quando nós começamos, achávamos que éramos uma banda punk, mas de alguma forma dentro do rock n´roll, é isso que fazemos. É apenas isso…

Steve Turner: Nós somos grunge!

Mark Arm (apontando para Steve): Eu sempre falei para ele que nós éramos grunge.

Steve Turner: Eu não vou subir no palco até que você diga que nós somos grunge.

Mark Arm: Ok! Nós somos grunge.

Paula Febbe: O que vocês acham da tecnologia na música? A internet é algo bom ? Downloads são bons?

Mark Arm: É ótimo! E é ótimo principalmente porque nós nunca tocamos no rádio e com downloads é o jeito mais fácil de chegarem à nossa música, então, tudo bem pra gente.

Steve Turner: Além disso, tem muitos colecionadores de discos, colocando álbuns “obscuros” na internet. E são discos que nunca seriam lançados em CD mesmo,então eu acho ótimo esse monte de músicas lado B que podemos baixar hoje em dia, e que existiam apenas em vinil.

Guy Maddison: Por que lutar contra isso, sabe? É assim que vai ser daqui pra frente. No futuro será ainda mais informação o tempo todo, então isso é só o começo.

Paula Febbe: Com muitas bandas grunge, existiam muitos músicos que sofriam e cantavam sobre este sofrimento e sobre o que eles achavam que estava errado na sociedade. Muitos, inclusive, não conseguiram viver durante muito tempo, talvez até por causa deste sofrimento que parecia ser genuíno. Hoje em dia, muitas bandas de rock parecem sofrer por coisas sem importância e escrevem coisas sem importância. O que vocês acham disso? O que deu errado?

Mark Arm: Eu não me importo nem um pouco com o que outras bandas estão fazendo. Não é importante para mim. Não significa nada. Outras bandas podem fazer o que quiserem que não vai me afetar.

Steve Turner: Mark só ouve aos discos do Mudhoney

Paula Febbe (Para Steve Turner): E você?

Mark Arm: Nós só ouvimos os discos do Mudhoney

Steve Turner: Sabe… Eu gosto de muitas músicas que não têm muito significado, também.

Mark Arm: Sim! “Yummy,yummy,yummy, I got love in my tummy” é cheia de significado.

Steve Turner: “Beat on the grat” é uma ótima música.

Guy Maddison: Existem muitas músicas legais de brincadeira, sabe? Mas falando sério… Quantos destes músicos que escreveram sobre os problemas do mundo realmente fizeram alguma coisa? Pouquíssimos.

Steve Turner (cantando trecho de música): Joe Strummer disse se importar, mas ele nunca se importou…

Aliás, essa música é do “Rudimentary Peni”.

Todos começam a rir

Paula Febbe: E qual vocês acham que foi a maior perda que Seattle teve nestes últimos vinte anos?

Mark Arm: A maior perda?

Paula Febbe: Sim !

Mark Arm: A cidade que nós amávamos foi modificada por aqueles que a desenvolveram. Todo o dinheiro que entrou lá pelo Starbucks, pela Microsoft, Amazon e outras grandes companhias mudou a face da cidade. Bem mais do que a música jamais conseguiu mudar. Seattle agora é um lugar extremamente caro para se morar, aliás, Steve saiu de lá por causa disso.

Steve Turner: Eu moro em Portland, agora.

Paula Febbe: Sério?

Steve Turner: Sim. Sabe… A América é a cidade mais punk rock que existe.

Todos voltam a rir.

Guy Maddison: Eu sinto falta do “Kingdome” (referindo-se ao estádio de baseball demolido em 2000, onde várias bandas da época grunge tocavam)

Steve Turner: Foi terrível assistir o “Kingdome” explodir. Foi um dia muito triste.

Mark Arm: Quando éramos mais novos, nós podíamos fumar maconha atrás do estádio. Hoje em dia, não existe mais um lugar legal para fazer isso.

Paula Febbe: E quanto às bandas de Seattle? Qual foi a maior perda?

Mark Arm (rindo): Os Fallouts ainda estão por aí, então não posso considerar uma grande perda.

Mais uma vez, a banda cai na gargalhada.

Steve Turner: Sabe… Eu nunca consegui ver o “Patchouli Sewer”. Eles já tinham se separado quando eu comecei a ouvir os discos deles. E eu realmente queria ter visto.

Paula Febbe: Qual o segredo para continuar tocando depois de 20 anos? Vocês se consideram os “Rolling Stones” do grunge?

Mark Arm: Nós nos consideramos o Mudhoney do grunge

Steve Turner: Sabe… A gente gosta do que faz.

Mark Arm: É simples assim!

Steve Turner: Nós nos divertimos e gostamos da música que fazemos então nós continuamos fazendo. Aí algumas pessoas nos convidaram para vir ao Brasil, e nós viemos.

Mark Arm: Enquanto as pessoas quiserem nos ver tocar, nós iremos.

Steve Turner: Nós vamos até se pararem de nos convidar.

Todos voltam a dar risada.

Guy Maddison: Nós temos muita sorte. Temos muita sorte de ainda poder fazer tudo isso. E provavelmente isso vai continuar…

Paula Febbe: Agora eu gostaria que vocês deixassem uma mensagem para seus fãs.

Mark Arm: Os sanduíches de mortadela do Mercado Municipal aqui de São Paulo são ótimos. Todos deveriam experimentar. Essa é minha mensagem

Paula Febbe: E as caipirinhas?

Todos: Ah, sim!

Steve Turner: Nós desenvolvemos um amor pela caipirinha. A primeira vez que nós viemos, Guy não tomava porque achou que o deixava doente, aí ele percebeu que as caipirinhas não o deixam doente, na verdade o deixam bêbado.

Guy Maddison: Feijoada! Comam mais feijoada!

7 comentários:

Inez disse...

Não conheço a banda, mas, achei a entrevista muito boa.

28 de setembro de 2009 às 00:22
Mr. Andrógyni-# disse...

Os gringos vem pra ca e viciam em , feijoada, caipirinha, mas essa da mortadela é nova . . .
Boa entrevista, embora que o som grunge não faz muito meu gosto !!

http://dupladameianoite.blogspot.com/

28 de setembro de 2009 às 00:23
Marton Olympio disse...

Baixando pra escutar...
valeu a dica :)

28 de setembro de 2009 às 00:26
Unknown disse...

foda a entrevista, vou procurar o som desses caras!

28 de setembro de 2009 às 01:28
Daniel Silva disse...

Adoro Mudhoney! Parabéns pela entrevista, é muito bom quando conseguimos entrevistar alguém que gostamos.

Eu já entrevistei o Milton Nascimento, tem até lá no meu blog.

Abraço

28 de setembro de 2009 às 08:39
Jean Soares disse...

Nossa! Entrevista muito boa, gosto bastante do Mudhoney. época grunge efervescente. Muito legal!

abraço

29 de setembro de 2009 às 17:30
iti disse...

deve ser legal a banda..
http://www.maquinazero.com.br

29 de setembro de 2009 às 22:29